Beato Padre Victor

Descubra a história inspiradora do nosso santo mineiro e seu impacto na fé das pessoas.

Um Símbolo de Fé, Perseverança e Dedicação

No século XIX, quando os ecos da escravidão ainda manchavam o solo brasileiro, Deus suscitou um verdadeiro modelo de caridade, perseverança e santidade: o Beato Francisco de Paula Victor, conhecido em toda a região sul-mineira e além como Padre Victor de Três Pontas. Negro, filho de uma escrava, e desprezado por muitos de sua época, tornou-se um símbolo vivo da fidelidade ao Evangelho, mesmo em meio às mais árduas provações.

Das correntes ao altar

Nascido em 12 de abril de 1827, na cidade de Campanha, em Minas Gerais, Victor cresceu ouvindo os ensinamentos da fé, cultivados em sua alma por sua mãe, Lourença Justiniana, e por sua madrinha de batismo, Dona Marianna Barbara Ferreira, figura central na sua formação. Desde cedo, desejava consagrar-se a Deus. Mas o caminho ao sacerdócio, para um homem negro naquela sociedade a epoca, era quase impossível. E, no entanto, como diz a Sagrada Escritura, “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).

O sofrimento pelo sacerdócio

Mas o caminho foi marcado por perseguições. No seminário, sofreu humilhações constantes. Um de seus principais algozes foi Inácio, conhecido como Inácio Barbudo, seu mestre de alfaiataria que chegou a espancá-lo em praça pública, chamando-o de “negro atrevido” e questionando sua presença entre os futuros padres. Padre Victor não respondeu com rancor. Suportou tudo com paciência sobrenatural, sustentado pela Eucaristia, pela oração e pelo amor à cruz.

Exorcista temido pelo inferno

Padre Victor recebeu também a formação e autorização para o ministério do exorcismo. E o inferno o temia. Durante os ritos de libertação, os demonios gritavam, chamando-o de “negro beiçudo”. Mas o demônio não prevalecia. Com seu rosário nas mãos e sua batina gasta, Padre Victor expulsava os espíritos imundos com autoridade, jejum e oração – como nos ensinou o próprio Cristo.

O apóstolo dos pobres e da educação
O fim terreno e o reconhecimento eterno

Mas não foi apenas com palavras que Padre Victor evangelizou. Ele compreendeu que o verdadeiro combate pela salvação das almas passa também pela instrução e formação especial da juventude. Em Três Pontas, fundou escolas, dedicou-se à educação dos pobres e cuidou das crianças com ternura paternal. Preocupava-se especialmente com os mais marginalizados, ensinando-lhes as letras, a fé e a dignidade de filhos de Deus.

A caridade era seu modo de vida. Distribuía pão aos famintos, visitava os doentes, amparava viúvas e acolhia os esquecidos. Tudo com discrição, sem vaidades. Suas virtudes heróicas foram vividas no ordinário de cada dia – e é justamente aí que brilha sua santidade: na fidelidade silenciosa, na doação contínua, no zelo pelo bem das almas.

Faleceu em 23 de setembro de 1905, com fama de santidade. Seu túmulo tornou-se, desde então, local de romaria, oração e graças. Em 2015, foi beatificado, tornando-se o primeiro negro brasileiro com o título de Beato. Seu exemplo é um chamado à conversão, à coragem e à fidelidade, sobretudo em tempos de confusão e tibieza.

Padre Victor foi – e é – um gigante da fé, cuja vida testemunha a glória de Deus manifestada na fraqueza humana.

Das correntes ao altar

Ordenado sacerdote em 14 de junho de 1851 em Mariana, por Antônio Ferreira Viçoso, C.M. , tornou-se mais tarde pároco de Três Pontas, cidade onde permaneceu até sua morte, por mais de 50 anos. Lá, sua fama de santidade espalhou-se rapidamente. Era zeloso, humilde, piedoso, mas também firme na doutrina. Promovia a reverência no culto, a caridade e não hesitava em exortar os fiéis a uma vida de virtude e temor de Deus